Oppenheimer – o filme

O argumento de que a bomba foi criada para conter todas as guerras não é suficiente para apagar a culpa de sua criação.
Este é o centro do discurso de OPPENHEIMER.
Na cena em que confessa seu conflito ao presidente Truman (o homem que autorizou a catástrofe atômica sobre o Japão e agora se sente triunfante), Robert Oppenheimer é ridicularizado ao se sentir o responsável solo.
A bomba é o poder supremo, muito mais do que o que causou, isso é o que ele ouve. Mas a culpa se preservará, além do cinismo e da vaidade, durante os anos da “Guerra Fria“.
O filme de Christopher Nolan é, sobretudo, um MEA CULPA de curta reflexão (e nenhum humor) com o objetivo de criar espanto oitenta anos depois do inominável crime.
Com os olhos voltados para a bilheteria, claro. Não há como negar a eficiência da equipe criadora deste filme.
Tudo funciona, menos a alma da indignação. Nolan faz questão de assinar toda a autoria, do roteiro à edição.
Não há uma discussão interna sobre os caminhos escolhidos para contar a estória, o que resulta em excessivo prejuÍzo do ritmo, usando passado e presente à revelia da compreensão mais clara do que está sendo narrado e seu contraditório.
O filme adota estruturalmente as formas de um convencional filme de tribunal, onde a trapaça, a mentira, o suspense fazem surgir a clássica figura do vilão (um magistral Robert Downey Jr.), abrilhantando o terço final do espetáculo.
Por três horas, aguardamos saber o que já sabÍamos antes de entrar na sala. Me lembrei de um filme mais sério que este, “Above and Beyond” (entre nós “Seu nome, sua honra”, 1952), da dupla Melvin Frank & Norman Panama, que contava o conflito do piloto que lançou as bombas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Oito anos depois da bomba e muito mais efetivo, sem IMAX e em P&B.

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